O vazamento de áudio em que o deputado estadual e pré-candidato ao governo de São Paulo, Arthur do Val, o “Mamãe Falei” trouxe novos problemas para a pré-candidatura à Presidência do ex-juiz Sergio Moro. Flagrado dizendo que as mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”, Val desistiu de disputar o governo paulista, deixando Moro sem palanque no maior colégio eleitoral do País. Diante da repercussão do caso, o ex-juiz foi obrigado a romper com o ex-aliado.
As declarações teriam sido feitas durante viagem à Ucrânia. Ele disse ter viajado para enviar doações para refugiados ucranianos após a invasão da Rússia ao país. Nos áudios, o deputado estadual também teria comparado a fila de refugiadas à fila de uma balada
“Lamento profundamente e repudio veementemente as graves declarações do deputado Arthur do Val divulgadas pela imprensa. O tratamento dispensado às mulheres ucranianas refugiadas e às policiais do país é inaceitável em qualquer contexto. As declarações são incompatíveis com qualquer homem público”, reagiu Moro em nota.
Agora, especula-se que o Podemos pode apoiar o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB) ao governo paulista. Garcia é aliado do atual governador e adversário do ex-juiz na disputa presidencial, João Doria.
Berço
Outro problema para a pré-candidatura de Moro ocorre no Paraná, estado natal do ex-juiz, e “berço” da operação Lava Jato que o fez conhecido. O governador Ratinho Júnior (PSD) tende a apoiar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem é próximo. Além disso, o PSD de Ratinho Jr ensaia atrair o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), para ser o candidato presidencial do partido. O Podemos tem um pré-acordo para apoiar a reeleição do governador paranaense, mas para isso, exige a vaga de candidato ao Senado para Alvaro Dias (Pode), que disputa a reeleição. Nesse caso, Moro também ficaria sem um palanque próprio no Paraná.
Desde que se filiou e se lançou na corrida ao Palácio do Planalto, Moro permanece na faixa de 10% nas pesquisas de intenção de voto. Sua agenda de pré-campanha também não deslanchou. O ex-juiz tem participado de eventos com público reduzido, nos quais fala, basicamente, para antigos apoiadores e fãs da Lava Jato. E ainda não conseguiu arregimentar apoios relevantes.