Os casos de intoxicação por metanol colocaram o Brasil em estado de alerta nos últimos dias. Mesmo com os casos em São Paulo, a Secretaria da Saúde do Paraná já informou estado de alerta. Sabendo disso, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) está disponibilizando testes gratuitos em bebidas alcoólicas em Curitiba.
A iniciativa é do Laboratório Multiusuário de Ressonância Magnética Nuclear (LabRMN), do departamento de química da universidade. Para fazer o teste, basta enviar um email paralabrmn@ufpr.br, solicitar e levar uma amostra da bebida ao laboratório. É gratuito e aberto a toda comunidade. O laboratório fica no Centro Politécnico da UFPR, no bairro Jardim das Américas.
Até o momento, o laboratório ainda não recebeu nenhuma bebida adulterada que tivesse metanol. Mas o alerta permanece, porque o lote adulterado foi distribuído por todo o país. Além disso, o teste é importante porque é a única forma de perceber a presença do metanol nas bebidas.
“Depois de pegar a amostra da bebida, colocamos ela na nossa máquina. Ela pulsa energia pra gente saber onde que tá a molécula. E nisso o gráfico de hidrogênio vai mostrar pra gente onde está cada hidrogênio da molécula. E como tem etanol, a gente sabe certinho no gráfico qual que vai ser o metanol. Vai estar num ponto exato. Só é possível descobrir em laboratório, porque por cheiro e aparência, é bem parecido”, explica Bárbara dos Santos, bacharel em Química e parte da equipe do LabRMN da UFPR.
Além do metanol, o LabRMN faz testes em qualquer tipo de bebidas adulteradas. A pesquisadora Bárbara explicou que os testes começaram na pandemia, em 2020, quando o álcool em gel 70% começou a ser vendido de forma imprópria. “Na época, eram vendidos álcool 70%, mas que tinham mais gel do que o álcool. Não era suficiente”, disse.
Recentemente, outro teste que o laboratório fez foi com o café. Nos pós, eles notaram que, em alguns, um terço era apenas galho queimado. Ou seja, não podiam ser vendidos como café 100% arábica.
Em relação ao metanol, o que os pesquisadores explicam é que nem todas as bebidas adulteradas contém a substância tóxica. Muitas vezes, são bebidas com apenas etanol, só que formulações mais baratas e vendidas com preços mais elevados. No entanto, o professor do laboratório deixa o alerta.
“Por enquanto, não há o que ser feito. A aparência, cheiro e gosto são idênticos. Se tem dúvidas, procure um laboratório”, alerta Kahlil Salome, professor responsável pelo LabRMN. Além dele, Dexter Furlan e Pedro Bellardo fazem parte da equipe também.
Até o momento, seis pessoas morreram com suspeita de intoxicação no estado de São Paulo; desses casos, apenas um foi confirmado como bebida adulterada. Além disso, até ontem (1) o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Nacional) informou que são 43 notificações pelo metanol no Brasil; 39 dos casos são em São Paulo, 4 em Pernambuco.
Na tarde de ontem, o secretário estadual da Saúde, Beto Preto (PSD), informou que Curitiba e todo o Paraná estão em alerta para a crise do metanol. Em entrevista à jornalista Martha Feldens, do Bem Paraná, ele disse que a equipe está em busca de maior acesso ao antídoto, que é o Etanol Puro 100%.
“Nossa equipe está procurando hoje etanol, inclusive, grandes farmácias magistrais, que manipulam medicamentos, fitoterápicos, por exemplo. Quem sabe alguém pode ter condição de formular um etanol puro de 100% para tentar fazer um contraponto disso”, falou Beto Preto. “Pode ser injetado de maneira endovenosa, diluído. Agora, não é fácil. O medicamento que existe nos Estados Unidos é o Fomepizol, acho que é esse o nome, sequer foi submetido a avaliação no Brasil para ser aprovado na Anvisa. É algo que não é feito para ter na farmácia da esquina.”
Em meio ao alerta para metanol em bebidas alcoólicas, muitos se questionam sobre a localidade. Embora os casos confirmados sejam todos na Grande São Paulo, não há certeza sobre o lote das bebidas adulteradas, já que ele foi distribuído para todo o país.
Os pesquisadores da UFPR explicam que o metanol, sim, pode ser encontrado em outros tipos de bebidas alcoólicas, como vinho e cerveja. Mas isso, claro, depende de uma produção errada e, principalmente, adulteração.
Quanto aos cuidados, eles repetem, há formas de tomar cuidado – mas, de novo, não fazem da bebida 100% segura nesse momento de investigação.
Os principais sintomas da intoxicação são:
– Até 6 horas após a ingestão: sonolência, dificuldade motora e dificuldade de andar, tontura, dor abdominal, náuseas, vômitos, cefaleia, confusão mental, taquicardia e hipotensão.
– Entre 6 a 24 horas após a ingestão: visão turva, fotofobia, dilatação da pupila, perda da visão das cores, convulsões e coma.
- Evitar bebidas com preços abaixo do mercado
- Preferir estabelecimentos de confiança
- Analise os rótulos
