Os diretórios nacionais do DEM e do PSL aprovaram nesta quarta-feira (6) a fusão entre as duas legendas e a criação de um novo partido que vai se chamar União Brasil. A nova sigla terá, inicialmente, a maior bancada da Câmara, com 82 deputados, além de quatro governadores, oito senadores e as maiores fatias dos fundos eleitoral e partidário. Em muitos estados, porém, a previsão é de que lideranças das duas siglas mudem de legenda. É o caso, por exemplo, do prefeito Rafael Greca (DEM). Ele tende a migrar para o PSD do governador Ratinho Júnior, que apoiou a reeleição de Greca em 2020.
Oficialmente, o prefeito desconversa quando questionado sobre o assunto. “Por enquanto, nada muda. A previsão é de que a homologação da nova legenda ocorra em janeiro e, até lá, diretórios tanto do DEM quanto do PSL continuarão existindo e exercendo suas atividades”, afirmou Greca. “Aguardaremos a conclusão do processo de fusão para decidir sobre nosso futuro”, disse o prefeito.
Aliados de Greca, porém, afirmam que dificilmente o prefeito continuará no novo partido, que terá como presidente no Paraná o deputado estadual Fernando Francischini (PSL), seu desafeto. Francischini disputou a prefeitura de Curitiba no ano passado, e trocou acusações pesadas com Greca durante a campanha.
A filiação ao PSD de Ratinho Jr seria o caminho natural para Greca. O governador foi determinante para a reeleição do prefeito em 2020. A seu pedido, três dos principais potenciais adversários de Greca se retiraram da disputa: o deputado federal Ney Leprevost (PSD) – que chegou ao segundo turno da eleição de 2016 contra Greca, perdendo na reta final; o ex-prefeito e deputado federal Luciano Ducci (PSB) e o ex-prefeito de Pinhais e deputado federal Luizão Goulart (Repub). Além disso, o vice-prefeito Eduardo Pimentel trocou o PSDB pelo PSD de Ratinho Jr às vésperas da campanha, mantendo-se como companheiro de chapa de Greca.
Debandada — No PSL, a previsão é de que pelo menos 25 deputados federais ligados ideologicamente ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deixem a nova sigla por não concordarem com a fusão. É o caso, por exemplo, dos deputados paranaenses Aline Sleutjes e Filipe Barros – que devem seguir para a legenda que o presidente escolher para disputar a reeleição em 2022. No Paraná, a princípio, o União Brasil surge com quatro deputados federais, e doze estaduais – a maior bancada da Assembleia Legislativa.
O presidente nacional da legenda será o atual presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), e a secretaria-geral ficará com ACM Neto, que hoje comanda o DEM. Para ser oficializada, a criação do União Brasil ainda precisa do aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).