O Governo do Paraná iniciou o processo de destruição de 10 milhões de unidades de ovos de incubação. A ação, que totaliza 600 toneladas do produto, é adotada como uma medida de segurança sanitária para conter a disseminação da Influenza Aviária de Alta Patogenia (H5N1). O custo financeiro total da operação e o impacto para o setor avícola ainda estão em fase de cálculo pelas autoridades.
Os ovos em questão tiveram origem em uma granja localizada na cidade de Montenegro, no Rio Grande do Sul, onde foi identificado um foco da Influenza Aviária. Os lotes remetidos diretamente da granja afetada já haviam sido destruídos na última sexta-feira, dia 16 de maio. A inutilização das demais unidades, localizadas no Paraná, começou neste domingo, dia 18 de maio, sob a coordenação de autoridades sanitárias locais.
De acordo com informações da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), a previsão é que a atividade de eliminação dos ovos seja concluída entre a segunda-feira, dia 19, e a terça-feira, dia 20 de maio.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou, neste último sábado, dia 17 de maio, sobre o rastreamento dos ovos de incubação provenientes da granja gaúcha com foco da doença. Os destinos identificados para onde os ovos foram enviados incluíram os estados de Minas Gerais, Paraná e o próprio Rio Grande do Sul.
O Governo de Minas Gerais já havia reportado, anteriormente, a destruição de aproximadamente 450 toneladas de ovos férteis, também como medida preventiva relacionada ao mesmo foco da doença.
Em nota oficial, o Governo de Minas Gerais esclareceu a natureza dos ovos descartados e o status do rastreamento. “Ovos férteis são aqueles usados para fecundação e produção de aves, e não para consumo. O rastreamento de ovos férteis produzidos nessa granja da cidade de Montenegro, Rio Grande do Sul, está sendo finalizado e, portanto, a necessidade de novos descartes de produtos em Minas Gerais ainda pode ocorrer nos próximos dias”, destacou o comunicado.
Por meio de nota, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou que as autoridades estaduais foram orientadas a seguir as medidas de saneamento estabelecidas no plano de contingência nacional para Influenza Aviária e Doença de Newcastle. Este plano inclui a destruição dos ovos como forma de mitigar riscos.
O Mapa também fez questão de pontuar que “não há comprovação de que tais ovos estejam contaminados com vírus da gripe aviária e que todas as medidas necessárias para proteção da avicultura nacional estão sendo adotadas”.
Um ovo de incubação, ou ovo fértil, é aquele destinado ao desenvolvimento de um embrião para posterior eclosão, com o processo controlado sob condições ambientais específicas, como temperatura e umidade. O especialista em Ciência Animal pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Marcus Rezende, analisou o potencial impacto da gripe aviária para o mercado brasileiro, destacando que os efeitos podem se propagar por toda a cadeia de produção avícola.
Rezende descreveu o cenário para a indústria e os desafios impostos pela situação sanitária. “O problema disso é que a gente está com todas as unidades frigoríficas em alta capacidade. Algumas estão em sua máxima capacidade, com estoques bastante cheios para atender a demanda do mercado externo e também do mercado interno, e agora a gente vai ter que dar um cavalo de pau. O risco é de que diminua bastante o alojamento de pintinho, só que o pintinho já está sendo chocado e o ovo já foi botado pela galinha. É uma cadeia longa, então é todo um processo que vai levar tempo, se a gente não conseguir reverter para alguns mercados”, explicou o especialista.
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